9 de setembro de 2012

Ronny Markes quer voltar a lutar ainda este ano no octógono do UFC

Em sua última luta, em fevereiro de 2012, quando venceu Aaron Simpson, Ronny Markes quebrou a mão ainda no primeiro round da estreia entre os pesos-médios. No dia seguinte, veio para o Brasil, fez a cirurgia da qual está em fase final de recuperação e sonha lutar ainda este ano pelo UFC.

Lutador potiguar sonha em um dia lutar no Brasil durante um evento do UFC (Foto: Getty Images)

Nascido na Vila de Ponta Negra e amigo de infância do surfista potiguar Jadson André, que já bateu o multicampeão mundial Kelly Slater numa etapa do mundial, o jovem lutador de 24 anos ainda mora no bairro humilde no qual foi criado.

Apesar do apartamento novo comprado recentemente, diferente da casa pequena e de poucos cômodos que abrigava seu talento na infância, Markes faz questão de relembrar a adolescência. Época em precisava correr dos fiscais da prefeitura entre uma caipirinha e outra vendida perto da orla para garantir as "economias" para realizar seu sonho.

- Eu trabalha na praia de Ponta Negra, era moleque, vendia caipirinha, o que claro é proibido porque eu era menor de idade. A fiscalização aparecia e eu tinha que sair correndo. Era difícil, mas foi com aquele dinheiro que viajei para o Rio de Janeiro pela primeira vez - conta.

A primeira competição em nível nacional foi no Rio de Janeiro, onde acabou vice-campeão brasileiro adulto de jiu-jitsu. De lá, precisou voltar às pressas para casa depois de ver o dinheiro acabar, mesmo quando dormia cedo para não precisar jantar e acordava tarde para saltar o café da manhã.

- A cama tinha quatro tijolos, uma tábua de madeira e um colchão fininho doado pelos amigos. A vontade de vencer faz diferença. Quem é pobre, nasce em bairro humilde, acredita que só poderá mudar a história com o esporte. Felizmente, é o que está acontecendo comigo - analisou.

Promessa do UFC, Markes chegou a fazer até campanha para voltar ao octógono em 2012, mais especificamente, na edição do Rio de Janeiro da competição, mas com o card fechado para a disputa na capital carioca, a expectativa de retornar ao ringue continua para ampliar o cartel de 13 vitórias, duas delas no UFC, num total de 14 lutas como profissional.

- É um sonho meu (lutar no Brasil). Tem gente que acha responsabilidade lutar em casa, mas no calor Brasil, clima ao favor, sem dúvida é um ponto positivo -, afirma ele sobre o torneio que terá um representante potiguar. Gleison Tibau foi escolhido para fazer uma das lutas do card preliminar contra Massaranduba, na categoria leve.

Superação

Casado e pai dos pequenos Enrico, 6, e Laura, 10, ele revela que tão difícil quanto chegar ao UFC foi conseguir driblar os pais para treinar jiu-jitsu numa academia próxima a sua casa devido ao preconceito em torno da luta.

Ronny Markes durante pesagem (Foto: Divulgação)

- Meu pai dizia que era coisa de vagabundo e tive que começar a treinar escondido. Contei para minha mãe, meu pai demorou para aceitar, mas quando comecei a participar das competições, viram que era algo profissional. Quando migrei para o MMA (Mixed Martial Arts), voltaram as críticas - relembra o lutador.

Com residência no Rio de Janeiro e Natal, alternando entre uma cidade e outra, ele não esquece as raízes e faz questão de destacar aqueles que fizeram parte de sua história, seja na humilde Vila de Ponta Negra, Rio de Janeiro ou Espanha.

Dos treinos com o professor Iranilson, na Vila, o empresário espanhol e amigo Carlos Copado, dono da boate em que trabalhava como segurança apostou no potiguar e viabilizou uma viagem para Espanha. No "Velho Mundo", conheceu a sorte e a amizade do do boxer Miguel Maion que treinava na academia do [Fabrício] Verdum.

Acolhido pela equipe do brasileiro do UFC, topou o desafio de fazer a primeira luta longe de seu país contra um adversário bem mais experiente e ele não fugiu à luta. Na equipe do treinador Jair Lourenço, da academia Kimura/Nova União, e quem ele chama de "pai e mentor", passou a treinar no Brasil.

De lá para cá, o lutador passou a engrossar seu cartel no MMA, derrubando preconceitos, adversários e a descrença de quem ainda via o esporte como uma cortina para troca de agressões.

- Não deixei ninguém atrapalhar meu sonho, diziam que não ia conseguir porque era de Natal. Hoje temos quatro lutadores no UFC e não há mais porque não há incentivo. Falo com toda a convicção de que poderíamos ter 10 lá dentro (do UFC).

Fonte: Globoesporte.com




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